02/11/2015

Poema: Eternidade



Oh minha amada!
Como eras formosa,
Nos teus olhos, que já não brilham, vi o quanto foste bondosa.
Virgem puríssima,
Que descansa calada.
Quisera eu ao passado ter voltado,
E novamente tua alva pele ter tocado.
 Agora, parado e olhando para teu túmulo estou,
Me perguntando: por que a vida te levou?
Tua ausência, diminui a minha vontade de viver.
E loucamente, espero um dia, quem sabe na eternidade te rever. 

Por: Thalyta Marques
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28/10/2015

Biografia: Álvares de Azevedo


Vida do Poeta 

Patrono da cadeira número 2 da Academia Brasileira de Letras, Manuel Antônio Álvares de Azevedo, ou simplesmente Álvares de Azevedo, foi um dos maiores representantes do ultra-romantismo (segunda geração) na literatura brasileira. Nascido no dia 12 de setembro de 1831, em São Paulo, sua vida, embora curta, foi agitada e cheia de mistérios. Morreu jovem, aos 20 anos, vítima de tuberculose (quase minha idade atual, coisa triste a morte de um jovem .

Mesmo tendo sido poucos os anos em que caminhou por este mundo, o jovem rapaz já mostrava traços de genialidade literária raros de se ver por aí. Um dos fatores que contribuíram para isso foi seu nascimento em uma família de meios financeiros abonados. Sua família tinha dinheiro o suficiente para investir na educação de Álvares, assim como comprar livros vindos de fora do país. Era leitor compulsivo de Lord Byron e Musset, paixão essa que fica evidente na forma em que ele escrevia suas poesias.

Entretanto, nem tudo era um mar de rosas na vida do jovem-prodígio. Ele perdera o irmão mais novo ainda em seus primeiros anos da infância, acontecimento que abalou muito sua vida emocional. Vivera uma vida de dedicação à mãe e à irmã, e, por isso, era muito apegado à família, algo notório em suas poesias, cheias de saudade, na época em que ele fora para a faculdade, quando vivia em São Paulo enquanto a família morava no Rio de Janeiro.

“Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!”

Além da saudade que transbordava por meio de suas palavras, ele demonstrava grande frustração e um sofrimento melancólico pela distância de suas amadas mãe e irmã. As temáticas que ele mais usava em sua literatura eram a morte, ideias de autodestruição, dor e uma idealização do feminino que fazia com que as mulheres retratadas por ele fossem sempre inacessíveis, ora sendo anjos ora sendo seres fatais. Esse conjunto de características, juntamente com seu pessimismo abundante, fizeram dele responsável principal pelo “mal do século” (que consiste basicamente dessas características em um cenário de descontentamento geral) no Brasil.

Toda sua obra foi escrita no período de quatro anos que passou na faculdade de Direito em São Paulo. Ele não pode concluir o curso, visto que foi acometido pela tuberculose, e morreu antes que pudesse se graduar. Este foi um dos fatores que contribuiu para a morte ser tema recorrente em sua poesia. Funcionava como um escape de sua realidade conturbada e sensação de impotência contra as forças naturais.

“Lembrança de morrer”:

“Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
(…)
Só levo uma saudade… é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas…
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai… de meus únicos amigos,
Pouco – bem poucos… e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
(…)
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo…
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos…
Deixai a lua pratear-me a lousa!”

Além de tudo isso mencionado acima, sua literatura também conta com outro tipo de elemento gótico, que é o uso de personagens sobrenaturais. Isso acontece em “Macário” (1855), cuja história conta com o aparecimento do próprio Diabo.

Curiosidades


  • Quando estava na faculdade, Álvares e Bernardo Guimarães (“A Escrava Isaura”, 1875) fundaram a Sociedade Epicuréia, organização que escandaliza a todos em São Paulo com suas histórias – e possivelmente vários boatos – de orgias e cultos a Satã. Imaginem só, fazer parte de um clubinho de pensadores e escritores trevosos assim?
  • Sua morte foi acelerada por uma queda de cavalo, na qual a lesão provocada transformou-se em um tumor na fossa ilíaca. Uma cirurgia para a retirada do tumor foi feita, mas o ferimento infeccionou e ele não resistiu, morrendo de febre alta causada pela infecção.

Faltou algum aspecto que você aprecia da vida intensa do nosso ultrarromântico?
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Realismo Brasileiro


Realismo no Brasil


• As raízes do Realismo brasileiro remontam a Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

• Lentamente, os escritores abandonam o verso condoreiro ou grandiloquente de Castro Alves e o idealismo de José de Alencar, com sua tendência a enaltecer o índio, transformando-o na figura do “bom selvagem” de Rousseau.

• Passa a ocorrer uma tentativa de reconhecimento da realidade brasileira, acompanhada da reelaboração da linguagem.

• Há uma diversificação das técnicas narrativas, seja na utilização do material regional como base da ficção, seja no estudo de individualidades e seus relacionamentos sociais.

• O texto literário ganha autonomia. Não há mais um projeto nacional a lhe determinar o conteúdo ou a forma. O texto passa a ser obra de arte autônoma, cujo objetivo é, antes de tudo, exatamente esse: ser obra literária.

Contexto Histórico

  • Surgiu a partir da segunda metade do século XIX. 
  • As idéias do Liberalismo e Democracia ganham mais espaço. 
  • As ciências evoluem e os métodos de experimentação e observação da realidade passam a ser vistos como os únicos capazes de explicar o mundo físico. 
  • Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agitação cultural, sobretudo nas academias de Recife, SP, Bahia e RJ, devido aos seus contatos frequentes com as grandes cidades europeias. 
  • Houve também uma transformação no aspecto social com o surgimento da população urbana, a desigualdade econômica e o aparecimento do proletariado. 
  • O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a publicação de “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert.
  • No Brasil foi em 1881, com “Memórias Póstumas da Brás Cubas” de Machado de Assis e “O Mulato” de Aluísio Azevedo.

Características do Realismo

  • Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvimento sentimental 
  • Representação mais fiel da realidade 
  • Romance como meio de combate e crítica às instituições sociais decadentes, como o casamento, por exemplo 
  • Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe 
  • Influência dos métodos experimentais 
  • Narrativa minuciosa (com muitos detalhes) 
  • Personagens analisadas psicologicamente 

Características da linguagem realista

  • Objetivismo;
  • Linguagem culta e direta;
  • Narrativa lenta, que acompanha o tempo psicológico;
  • Descrições e adjetivações objetivas, com a finalidade de captar a realidade de maneira fidedigna;
  • Universalismo;
  • Sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais;
  • Herói problemático, cheio de fraquezas;
  • Não idealização da mulher.

Representantes do Realismo/Naturalismo no Brasil:

  • Machado de Assis
  • Aluísio Azevedo
  • Raul Pompéia
  • Inglês de Sousa
  • Manuel de Oliveira Paiva
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Poema: Navio Negreiro



I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar — dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 

'Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
— Constelações do líquido tesouro... 

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 

Donde vem? onde vai? Das naus errantes 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam, 
Galopam, voam, mas não deixam traço. 

Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! 

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! 
Que música suave ao longe soa! 
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 

Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! 

Esperai! esperai! deixai que eu beba 
Esta selvagem, livre poesia 
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, 
E o vento, que nas cordas assobia... 
.......................................................... 

Por que foges assim, barco ligeiro? 
Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 

Albatroz! Albatroz! águia do oceano, 
Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas. 


II


Que importa do nauta o berço, 
Donde é filho, qual seu lar? 
Ama a cadência do verso 
Que lhe ensina o velho mar! 
Cantai! que a morte é divina! 
Resvala o brigue à bolina 
Como golfinho veloz. 
Presa ao mastro da mezena 
Saudosa bandeira acena 
As vagas que deixa após. 

Do Espanhol as cantilenas 
Requebradas de langor, 
Lembram as moças morenas, 
As andaluzas em flor! 
Da Itália o filho indolente 
Canta Veneza dormente, 
— Terra de amor e traição, 
Ou do golfo no regaço 
Relembra os versos de Tasso, 
Junto às lavas do vulcão! 

O Inglês — marinheiro frio, 
Que ao nascer no mar se achou, 
(Porque a Inglaterra é um navio, 
Que Deus na Mancha ancorou), 
Rijo entoa pátrias glórias, 
Lembrando, orgulhoso, histórias 
De Nelson e de Aboukir.. . 
O Francês — predestinado — 
Canta os louros do passado 
E os loureiros do porvir! 

Os marinheiros Helenos, 
Que a vaga jônia criou, 
Belos piratas morenos 
Do mar que Ulisses cortou, 
Homens que Fídias talhara, 
Vão cantando em noite clara 
Versos que Homero gemeu ... 
Nautas de todas as plagas, 
Vós sabeis achar nas vagas 
As melodias do céu! ... 


III


Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano 
Como o teu mergulhar no brigue voador! 
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! 
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror! 


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 

E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
E ri-se Satanás!... 


V


Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 

Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são? Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 

São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 

São mulheres desgraçadas, 
Como Agar o foi também. 
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm... 
Trazendo com tíbios passos, 
Filhos e algemas nos braços, 
N'alma — lágrimas e fel... 
Como Agar sofrendo tanto, 
Que nem o leite de pranto 
Têm que dar para Ismael. 

Lá nas areias infindas, 
Das palmeiras no país, 
Nasceram crianças lindas, 
Viveram moças gentis... 
Passa um dia a caravana, 
Quando a virgem na cabana 
Cisma da noite nos véus ... 
... Adeus, ó choça do monte, 
... Adeus, palmeiras da fonte!... 
... Adeus, amores... adeus!... 

Depois, o areal extenso... 
Depois, o oceano de pó. 
Depois no horizonte imenso 
Desertos... desertos só... 
E a fome, o cansaço, a sede... 
Ai! quanto infeliz que cede, 
E cai p'ra não mais s'erguer!... 
Vaga um lugar na cadeia, 
Mas o chacal sobre a areia 
Acha um corpo que roer. 

Ontem a Serra Leoa, 
A guerra, a caça ao leão, 
O sono dormido à toa 
Sob as tendas d'amplidão! 
Hoje... o porão negro, fundo, 
Infecto, apertado, imundo, 
Tendo a peste por jaguar... 
E o sono sempre cortado 
Pelo arranco de um finado, 
E o baque de um corpo ao mar... 

Ontem plena liberdade, 
A vontade por poder... 
Hoje... cúm'lo de maldade, 
Nem são livres p'ra morrer. . 
Prende-os a mesma corrente 
— Férrea, lúgubre serpente — 
Nas roscas da escravidão. 
E assim zombando da morte, 
Dança a lúgubre coorte 
Ao som do açoute... Irrisão!... 

Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! ... 


VI


Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Por: Castro Alves
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Poema: Cântico do Calvário


À Memória de Meu Filho 
Morto a l l de Dezembro 
de 1863.

Eras na vida a pomba predileta 
Que sobre um mar de angústias conduzia 
O ramo da esperança. — Eras a estrela 
Que entre as névoas do inverno cintilava 
Apontando o caminho ao pegureiro. 
Eras a messe de um dourado estio. 
Eras o idílio de um amor sublime. 
Eras a glória, — a inspiração, — a pátria, 
O porvir de teu pai! — Ah! no entanto, 
Pomba, — varou-te a flecha do destino! 
Astro, — engoliu-te o temporal do norte! 
Teto, caíste! — Crença, já não vives! 

Correi, correi, oh! lágrimas saudosas, 
Legado acerbo da ventura extinta, 
Dúbios archotes que a tremer clareiam 
A lousa fria de um sonhar que é morto! 
Correi! Um dia vos verei mais belas 
Que os diamantes de Ofir e de Golgonda 
Fulgurar na coroa de martírios 
Que me circunda a fronte cismadora! 
São mortos para mim da noite os fachos, 
Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas, 
E à vossa luz caminharei nos ermos! 
Estrelas do sofrer, — gotas de mágoa, 
Brando orvalho do céu! — Sede benditas! 
Oh! filho de minh'alma! Última rosa 
Que neste solo ingrato vicejava! 
Minha esperança amargamente doce! 
Quando as garças vierem do ocidente 
Buscando um novo clima onde pousarem, 
Não mais te embalarei sobre os joelhos, 
Nem de teus olhos no cerúleo brilho 
Acharei um consolo a meus tormentos! 
Não mais invocarei a musa errante 
Nesses retiros onde cada folha 
Era um polido espelho de esmeralda 
Que refletia os fugitivos quadros 
Dos suspirados tempos que se foram! 
Não mais perdido em vaporosas cismas 
Escutarei ao pôr do sol, nas serras, 
Vibrar a trompa sonorosa e leda 
Do caçador que aos lares se recolhe! 

Não mais! A areia tem corrido, e o livro 
De minha infanda história está completo! 
Pouco tenho de anciar! Um passo ainda 
E o fruto de meus dias, negro, podre, 
Do galho eivado rolará por terra! 
Ainda um treno, e o vendaval sem freio 
Ao soprar quebrará a última fibra 
Da lira infausta que nas mãos sustento! 
Tornei-me o eco das tristezas todas 
Que entre os homens achei! O lago escuro 
Onde ao clarão dos fogos da tormenta 
Miram-se as larvas fúnebres do estrago! 
Por toda a parte em que arrastei meu manto 
Deixei um traço fundo de agonias! ... 

Oh! quantas horas não gastei, sentado 
Sobre as costas bravias do Oceano, 
Esperando que a vida se esvaísse 
Como um floco de espuma, ou como o friso 
Que deixa n'água o lenho do barqueiro! 
Quantos momentos de loucura e febre 
Não consumi perdido nos desertos, 
Escutando os rumores das florestas, 
E procurando nessas vozes torvas 
Distinguir o meu cântico de morte! 
Quantas noites de angústias e delírios 
Não velei, entre as sombras espreitando 
A passagem veloz do gênio horrendo 
Que o mundo abate ao galopar infrene 
Do selvagem corcel? ... E tudo embalde! 
A vida parecia ardente e douda 
Agarrar-se a meu ser! ... E tu tão jovem, 
Tão puro ainda, ainda n'alvorada, 
Ave banhada em mares de esperança, 

Rosa em botão, crisálida entre luzes, 
Foste o escolhido na tremenda ceifa! 
Ah! quando a vez primeira em meus cabelos 
Senti bater teu hálito suave; 
Quando em meus braços te cerrei, ouvindo 
Pulsar-te o coração divino ainda; 
Quando fitei teus olhos sossegados, 
Abismos de inocência e de candura, 
E baixo e a medo murmurei: meu filho! 
Meu filho! frase imensa, inexplicável, 
Grata como o chorar de Madalena 
Aos pés do Redentor ... ah! pelas fibras 
Senti rugir o vento incendiado 
Desse amor infinito que eterniza 
O consórcio dos orbes que se enredam 
Dos mistérios do ser na teia augusta! 
Que prende o céu à terra e a terra aos anjos! 
Que se expande em torrentes inefáveis 
Do seio imaculado de Maria! 
Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem! 
E de meu erro a punição cruenta 
Na mesma glória que elevou-me aos astros, 
Chorando aos pés da cruz, hoje padeço! 

O som da orquestra, o retumbar dos bronzes, 
A voz mentida de rafeiros bardos, 
Torpe alegria que circunda os berços 
Quando a opulência doura-lhes as bordas, 
Não te saudaram ao sorrir primeiro, 
Clícía mimosa rebentada à sombra! 
Mas ah! se pompas, esplendor faltaram-te, 
Tiveste mais que os príncipes da terra! 
Templos, altares de afeição sem termos! 
Mundos de sentimento e de magia! 
Cantos ditados pelo próprio Deus! 
Oh! quantos reis que a humanidade aviltam, 
E o gênio esmagam dos soberbos tronos, 
Trocariam a púrpura romana 
Por um verso, uma nota, um som apenas 
Dos fecundos poemas que inspiraste! 

Que belos sonhos! Que ilusões benditas! 
Do cantor infeliz lançaste à vida, 
Arco-íris de amor! Luz da aliança, 
Calma e fulgente em meio da tormenta! 
Do exílio escuro a cítara chorosa 
Surgiu de novo e às virações errantes 
Lançou dilúvios de harmonias! — O gozo 
Ao pranto sucedeu. As férreas horas 
Em desejos alados se mudaram. 
Noites fugiam, madrugadas vinham, 
Mas sepultado num prazer profundo 
Não te deixava o berço descuidoso, 
Nem de teu rosto meu olhar tirava, 
Nem de outros sonhos que dos teus vivia! 

Como eras lindo! Nas rosadas faces 
Tinhas ainda o tépido vestígio 
Dos beijos divinais, — nos olhos langues 
Brilhava o brando raio que acendera 
A bênção do Senhor quando o deixaste! 
Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos, 
Filhos do éter e da luz, voavam, 
Riam-se alegres, das caçoilas níveas 
Celeste aroma te vertendo ao corpo! 
E eu dizia comigo: — teu destino 
Será mais belo que o cantar das fadas 
Que dançam no arrebol, — mais triunfante 
Que o sol nascente derribando ao nada 
Muralhas de negrume! ... Irás tão alto 
Como o pássaro-rei do Novo Mundo! 

Ai! doudo sonho! ... Uma estação passou-se, 
E tantas glórias, tão risonhos planos 
Desfizeram-se em pó! O gênio escuro 
Abrasou com seu facho ensangüentado 
Meus soberbos castelos. A desgraça 
Sentou-se em meu solar, e a soberana 
Dos sinistros impérios de além-mundo 
Com seu dedo real selou-te a fronte! 
Inda te vejo pelas noites minhas, 
Em meus dias sem luz vejo-te ainda, 
Creio-te vivo, e morto te pranteio! ... 

Ouço o tanger monótono dos sinos, 
E cada vibração contar parece 
As ilusões que murcham-se contigo! 
Escuto em meio de confusas vozes, 
Cheias de frases pueris, estultas, 
O linho mortuário que retalham 
Para envolver teu corpo! Vejo esparsas 
Saudades e perpétuas, — sinto o aroma 
Do incenso das igrejas, — ouço os cantos 
Dos ministros de Deus que me repetem 
Que não és mais da terra!... E choro embalde. 

Mas não! Tu dormes no infinito seio 
Do Criador dos seres! Tu me falas 
Na voz dos ventos, no chorar das aves, 
Talvez das ondas no respiro flébil! 
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe, 
No vulto solitário de uma estrela, 
E são teus raios que meu estro aquecem! 
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho! 
Brilha e fulgura no azulado manto, 
Mas não te arrojes, lágrima da noite, 
Nas ondas nebulosas do ocidente! 
Brilha e fulgura! Quando a morte fria 
Sobre mim sacudir o pó das asas, 
Escada de Jacó serão teus raios 
Por onde asinha subirá minh'alma.

Por: Fagundes Varela
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Poema: Meus Oito Anos



Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Como são belos os dias
Do despontar da existência !
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !

Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Por: Casimiro de Abreu
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Poema: Soneto




Arda de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida inimiga.

Una-se todo, em traiçoeira liga,
Contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos;
Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.

Durmo feliz sobre o suave riso
De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
E o mais que os homens são, desprezo e piso.

Por: Junqueira Freire 
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Poema: O fantasma




Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...
O CÔNEGO FILIPE
O cônego Filipe! Ó nome eterno!
Cinzas ilustres que da terra escura,
Fazeis rir nos ciprestes as corujas!
Por que tão pobre lira o céu doou-me
Que não consinta meu inglório gênio
Em vasto e heróico poema decantar-te?
Voltemos ao assunto. A minha musa,
Como um falado imperador romano,
Distrai-se, às vezes, apanhando moscas.
Por estradas mais longas ando sempre:
Com o cônego ilustre me pareço,
Quando ele já sentia vir o sono,
Para poupar caminho até a vela,
Sobre a vela atirava a carapuça.
Então, no escuro, em camisola branca,
Ia apalpando procurar na sala -
Para o queijo flamengo da careca
Dos defluxos guardar - o negro saco.
À ordem, Musa! Canta agora como
O poeta Ali-Moon no harém entrando,
Como um poeta que enamora a lua,
Ou que beija uma estátua de alabastro,
Suando de calor... de sol e amores...
Cantava no alaúde enamorado!
E como ele saiu-se do namoro...
Assunto bem moral, digno de prêmio,
E interessante como um catecismo...
Que tem ares até de ladainha!
Quem não sonhou a terra do Levante?
As noites do Oriente, o mar, as brisas,
Toda aquela suave natureza
Que amorosa suspira e encanta os olhos?
Principio no harém. Não é tão novo...
Mas esta vida é sempre deleitosa.
As almas d'homem ao harém se voltam...
Ser um dia sultão quem não deseja?
Quem não quisera das sombrias folhas
Nas horas do calor, junto do lago,
As odaliscas espreitar no banho
E mais bela a sultana entre as formosas?
Mas ah! o plágio nem perdão merece!
Digam - pega ladrão! Confesso o crime:
Não é Ovídio só que imito e sonho,
Quando pinta Acteon fitando os olhos
Nas formas nuas de Diana virgem!
Não! embora eu aqui não fale em ninfas,
Essa idéia é do cônego Filipe!

Por: Alvares de Azevedo
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26/10/2015

Poema: Único para mim


Goodbye my lover
Goodbye my friend
(...)
You have been the one for me
Blunt, JAMES



Meu amor,

O tempo passa
O lobo caça
E a dor não passa
Ah!
A saudade é tão grande
Que já estou confiante
Que a qualquer hora
Parto dessa vida angustiante
Para num futuro brilhante
Lá no céu vou estar
E para sempre vou te amar
Adeus. 

Por: Gabriela Vasconcelos.
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Obra: Quincas Borba- Machado de Assis (1892)


Resumo em tópicos

  • À janela de uma grande casa de Botafogo, Rubião admirava um pedaço de água. Há uns anos era professor, agora, capitalista.
  • Quincas Borba, o mesmo de Memorias póstumas de Brás Cubas, mendigo, herdeiro inopinado e inventor de uma filosofia. Era irmão de Maria da Piedade, uma viúva que enamorou Rubião.
  • Quincas fez tudo para casá-los, ela resistiu e um pleuris a levou.
  • Cedo perceberam em que ele tinha um grãozinho de sandice, que se alastrava devagar.
  • Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba- um cão bonito, médio, com o pêlo cor de chumbo, malhado de preto. Seu dono o dera o mesmo nome por dois motivos:
  • “desde que Humanitas é o principio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber nome de gente, seja cristão ou mulçumano...”
  • “se eu morrer antes, sobreviverei no nome de meu cachorro.”
  • Ainda que doente, Quincas resolveu viajar para Rio de Janeiro, por um mês.
  • Lá Quincas Borba falece e nomeia Rubião seu herdeiro universal.
  • Rubião dá o cachorro para sua comadre, porém logo descobre          que uma das clausulas é que ambos permaneçam juntos.
  • Regulados os preliminares para a liquidação da herança, Rubião tratou de viajar logo ao Rio de Janeiro;
  • Na estação de Vassouras, embarcaram Sofia e o marido Cristiano de Almeida e Palha, este tinha 32 anos, ela 27. Eles conhecem Rubiao e ele lhes conta que é herdeiro universal de seu amigo, Palha, tentando ser seu amigo, disse que não era para ele contar isso a todos.
  • Quando chegaram à Corte, Palha ofereceu sua casa em Santa Teresa, e Rubiao disse que ia para a Hospedaria União. Logo se tornaram grandes amigos.
  • Rubião ficou encantado com os olhos de Sofia, encantamento que só aumentou ao longo dos dias, até se tornar uma grande paixão. 
  • As trocas de olhares e supostas atenções dirigidas por Sofia à Rubião o tornava mais apaixonado e o fazia crer que era correspondido. Durante um almoço com dois amigos, Freitas um homem muito agradável, humilde e admirável e Carlos Maria, jovem, orgulhoso e esnobe, recebeu uma cestinha com morangos e um bilhete escrito por Sofia lhe convidando para um jantar. Tal mimo o animou mais ainda quanto à paixão que sentia.
  • No horário marcado foi para Santa Teresa, localidade da casa de Palha. Haviam ali outros convidados apenas uma das senhoras era solteira, na verdade uma solteirona. D. Tonica, que obviamente encheu-se de interesse por Rubião, mas a troca de olhares entre ele e Sofia lhe desesperançou, afinal Sofia que já era casada possuía outros homens em vez de lhe deixar. 

  • Sofia convidou ambos para um passeio ao luar no jardim, mas apenas Rubião aceitou. E foi ali no jardim que se declarou para Sofia, a pobre não teve reação, até que foram interferidos pelo major Siqueira.
  • Sofia conseguiu se recompor e iludir o homem acerca do que acontecera, no entanto Rubião se perdeu em embaraço. Assim a noite seguiu ao fim.
  • A sós Sofia e Palha conversavam sobre o jantar e Palha ouviu os fatos do jardim, Sofia desejava um corte violento na amizade, mas Palha preferiu ignorar tal acontecimento. Afinal, os homens se maravilharem com Sofia não era novidade, era vaidade de Palha mostrar a bela mulher que tinha, por isso dava-lhe vestidos decotados que lhe deixavam o colo e os braços nus. 
  • A verdade era que Palha tinha negócios com Rubião, não só lhe devia dinheiro como também eram sócios em um comércio de importações.
  • Chegou da “roça” uma prima de Sofia, Maria Benedita e sua mãe.
  • Sofia insistia que era necessário que a prima aprendesse francês e a tocar piano, mas as saudades que sentiam do campo sempre lhes levavam embora.
  • Porém, dessa vez Maria Benedita ficou e sempre que as saudades da mãe e do campo lhe viam ela e Sofia iam para lá.
  • Em certo baile por quinze minutos Sofia e Carlos Maria valsaram e foi durante essa dança que ele se declarou. Essa declaração não foi revelada a Palha. E ainda despertou em Rubião uma grande onda de cíume e em Maria Benedia um desejo de voltar para o campo.
  • Por esses tempos Sofia, a prima e mais algumas senhoras haviam formado a comisão de Alagoas, tal grupo fez D. Fernanda e Maria Benedita criarem laços de amizades. D. Fernanda era prima de Carlos Maria e pretendia casar-lhe com uma amiga do sul, mas sua amizade com Maria Benedita lhe mudou de idéia e assim o casamento entre os dois foi marcado.
  • O ciúme de Rubião diminuiu suas idas à casa de Palha.
  • Em uma tarde chegou um negro em sua casa e lhe entregou uma carta de Sofia, leu-a, quando o negro saía caiu uma carta que Rubião só veio ver depois que o moleque já tinha ido embora.
  •  Ela era de Sofia para Carlos Maria. Rubião ficou extremamente enciumado e foi nessas condições que alguns dias depois foi ter com Sofia, lhe entregou a carta acusando-a e saiu antes da senhora ter a chance de se explicar.
  •  A carta ainda estava fechada.
  • Chegou então o aniversário de Sofia, Palha lhe ofereceu um baile, em certo momento Sofia ficou a sós com Rubião e esclareceu o conteúdo da carta, entre as lágrimas pela falsa acusação lhe disse que ele estava tremendamente enganado.
  • Noticiou também a ele o casamento de Carlos Maria com Maria Benedita.
  • Rubião foi tomado por uma felicidade tremenda e parabenizou a noiva com muito prazer.
  • Os noivos casaram e foram para a Europa. 
  • Por esses tempos Palha havia findado os seus negócios com Rubião.
  •  Por esses tempos também Rubião havia ganhado fama na corte e era cercado por muitos amigos que praticamente viviam em sua casa como discípulos de sua filosofia. E iniciou-se a loucura de Rubião.
  • O primeiro ato de loucura foi quando chamou um barbeiro para que lhe cortasse a barba como a de Napoleão III.
  • Depois buscou por Sofia e se declarou a ela como Napoleão fez à sua amante.
  • Com o tempo as crises de loucura aumentavam, e o dinheiro ia se findando. Palha e Sofia estreitaram suas relações com ele.
  • Nas visitas que faziam sempre se assustavam com as crises que às vezes aconteciam. 
  • D. Fernanda dizia ver nos olhos dele a recuperação, se fosse tratado.
  • Palha lhe comprou uma casa menor onde iniciou um tratamento, os “discípulos” só assim findaram suas visitas. A esse ponto voltou da Europa Maria Benetida que veio ter sua filha na corte.
  • Rubião foi internado em uma clínica para ser tradado, já se tornara chacota na rua.
  • Palha e Sofia contribuíam com tais atos, financeiramente Rubião havia perdido muito.
  • O médico ao longo do tratamento disse que rápido o homem estaria curado, mas antes disso ele desapareceu.
  • Palha havia lhe dado cem mil contos de réis para se ver livre do homem. Rubião e o cão Quincas Borba voltaram pra Minas, não houve cura.
  • Lá reconheceu toda sua antiga vida, mas sem ter onde ficar dormiu na porta da igreja debaixo de uma tempestade.
  • Ao amanhecer uma comadre o reconheceu e o acolheu. No entanto ele teve nova crise e toda a cidade veio testemunhar a loucura do homem.
  • Louco e vítima de uma febre, faleceu. Quincas Borba morreu três dias depois.

Personagens:

  • Quincas Borba: filosofo, amigo de Brás Cubas e Rubião, inventor de uma filosofia: Humanitismo.
  • Quincas Borba: cão, bonito, médio, com o pêlo cor de chumbo, malhado de preto. Seu dono o dera o mesmo nome, reprodução de seu dono.
  • Rubião: ingênuo, ex-professor, ficou rico por ser herdeiro universal de seu amigo, Quincas Borba, é explorado financeiramente por seus “amigos”.
  • Sofia: típica mulher machadiana: linda, manipuladora, que gosta de ser admirada e possui “olhos de convite”. Troca olhares com Rubião e o faz acreditar que tem chances com ela.
  • Cristiano Palha: marido de Sofia, gosta de exibi-la aos outros e é com controla os gastos de Rubião.
  • Major Siqueira: juntamente com a filha, planejam a ascensão social, o que não conseguem.
  • D. Tonica: quarentona solteira que se apaixona por Rubião ate perceber as trocas de olhares entre ele e Sofia.
  • D. Fernanda: mulher muito conceituada, da alta sociedade, parente de Carlos Maria.
  • Carlos Maria: jovem da alta sociedade, que desperta o interesse de Sofia e casa-se com Maria Benedita
  • Maria Benedita: prima de Sofia, vinda do interior, sente ciúmes da prima com Carlos Maria
  • Camacho: jornalista inescrupuloso, sócio de Rubião no jornal Ataiala.

Contexto histórico da obra

Publicada entre 15/06/1886 a 15/09/1891 na revista Estação, é a continuação da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, marco inicial do Realismo no Brasil. 

Foco narrativo

Narrador onisciente, que conta a historia em terceira pessoa, onde Machado de Assis intervém e foi um antecipador da chamada estética de receptação ao incluir em suas narrativas, o diálogo entre o narrador e o leitor. Este é, também, personagem, um leitor virtual, explicitado ou não na narrativa.

Tempo e Espaço

A história inicia-se em 1867, em Barbacena, MG, estendendo-se para o Rio de Janeiro, a partir de 1870. O desfecho dramático de Rubião é, também, em Barbacena, alguns anos depois.

Importância do livro


Quincas Borba não é o romance mais conhecido de Machado de Assis – posto disputado por Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro –, mas tem a mesma relevância. Diferentemente do que acontece nessas obras, o narrador, aqui, se apresenta sob o foco da terceira pessoa, mas nem por isso deixa de haver o mesmo questionamento da verdade que caracterizava o autor.

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