12/10/2015

Obra: Ubirajara – José de Alencar (1874)

Ubirajara – José de Alencar



Enredo:

Jaguarê é um índio araguaia, que para passar a ser um guerreiro deve enfrentar um oponente muito forte. Ele vai para a floresta e encontra Araci, uma virgem da tribo tocantim, e ela lhe fala que os guerreiros vão disputar o seu amor. Depois que ela vai embora, Jaguarê encontra Pojucã, eles lutam e Jaguarê muda seu nome para Ubirajara, que significa “o senhor das lanças”, e aprisiona Pojucã. Ubirajara tinha escolhido Jandira (uma das virgens araguaias) para ser sua esposa, mas, como havia se apaixonado por Araci, ele a deu como esposa para Pojucã, e este estava triste, pois era alguém muito forte e preferia morrer a ser reduzido a um prisioneiro, então, pede a Ubirajara o direito de suplício e ele aceita. Jandira se recusa a dar seu amor a qualquer um que não seja Ubirajara, e este vai para a tribo tocantim disputar o amor de Araci, mas Jandira o persegue. Ubirajara chega na tribo tocantim e adota o nome de Jurandir, que significa “aquele que veio trazido pela luz do céu”. Jandira tenta matar Araci, mas Ubirajara chega e a salva, então Jandira vira escrava de Araci. Chega o dia do combate nupcial. Araci queria que Ubirajara vencesse, ele era seu preferido. O combate nupcial é a punica festa na qual é permitida a presença de mulheres, pois se trata de sua glória. O combate consistia em quatro provas: a primeira era uma luta, e Ubirajara venceu; a segunda consistia em segurar o toro de madeira sem ser roubado pelos adversários, Ubirajara e outros dois conseguiram, houve um desempate e Ubirajara venceu; a terceira só foi aplicada a Ubirajara, que devia colocar a mão em um vaso cheio de saúvas, e ele conseguiu; a quarta foi a prova da virgem, Araci devia provar que era mais rápida do que ele, para que pudesse fugir se fosse necessário. A quarta prova foi concluída, fazendo de Ubirajara o vencedor. Araci era filha de Itaquê (o grande líder dos tocantins, pai de Pojucã). Ubirajara tem que se identificar, e Itaquê soube do que ia acontecer com seu filho, mas não atacou Ubirajara, por causa da lei da hospitalidade. É declarada a guerra entre as duas nações, araguaia e tocantim. Ubirajara liberta Pojucã, para que ele lute ao lado de seu povo. Aparecem os tapuias, rivais dos tocantins, e eles lutam prmeiro que os araguaias. Itaquê decapita Canicrã (chefe dos tapuias), mas Pahã (filho de Canicrã) cega Itaquê, com uma flecha, deixando os tocantins sem seu líder. Para sucedê-lo deve ser dobrado o grande arco da nação tocantim, mas nem mesmo Pojucã consegue, então pedem isso a Ubirajara, que consegue e une as flechas dos dois arcos e as duas nações. Ubirajara acaba a história com Araci e Jandira, que representam as duas nações. A união dessas nações formou uma nova e enorme nação, a dos ubirajaras.

Personagens:

Jaguarê: índio araguaia, filho de Jaçanã e Camacã, muda seu nome para Ubirajara. É a personagem principal do livro.
Pojucã: índio tocantim, filho de Itaquê e irmão de Araci. Luta com Ubirajara no começo da história e põe fogo na taba do pajé dos tapuias, no fim do livro, antes da guerra.
Itaquê: grande chefe da nação tocantim.
Camacã: grande chefe da nação araguaia, pai de Ubirajara.
Araci: índia tocantim, filha de Itaquê e esposa de Ubirajara.
Jandira: índia araguaia, uma das esposas de Ubirajara.
Canicrã: grande chefa da nação tapuia.
Pahã: filho de Canicrã. É importante porque cega Itaquê na guerra.

Temas:

- Neste livro, José de Alencar rebate a tese da promiscuidade sexual, já que há um rigor na questão da virgindade, e Ubirajara termina com duas esposas, não por imoralidade, mas por elas representarem as duas nações.
- Não ocorreu a traição entre índios, pois Alencar defende que essa traição só aconteceu após a chegada dos colonizadores.
- Hospitalidade indígena: mesmo que Ubirajara tendo derrotado Pojucã e fosse matá-lo, Itaquê não o atacou.
- Apesar de Alencar ter exagerado na idealização do índio, ele conseguiu rebater versões injustas de características dos nossos nativos.
- Honra do índio: é mostrada na parte em que Pojucã prefere morrer a ser feito prisioneiro. Também aparece quando é declarada uma guerra entre os araguaias e tocantins somente pelo fato de Ubirajara ter derrotado e dado o direito de suplício a Pojucã.

Contexto histórico:

A obra foi publicada no século XVIII, em 1874, mas o autor retrata uma história que se passa no século XV, antes de Cabral chegar ao Brasil. Alencar mostra a falsidade que o europeu falava dos índios brasileiros, mostrando o verdadeiro caráter, costumes e cultura do índio, que era um homem digno e cavalheiro medieval. Nos outros dois livros conhecidos com essa temática de Alencar (Iracema e O Guarani), o autor já mostra como o Brasil ficou depois do contato com os colonizadores.
Ubirajara é um livro pertencente à primeira geração do Romantismo brasileiro, e tem como características deste movimento literário o indianismo (com a idealização que o autor faz das personagens principais) e o nacionalismo, quando Alencar destaca a natureza brasileira, com sua exuberância.

Verossimilhança:

José de Alencar procurou mostrar o Brasil no século XV, antes de 1500 (ano em que aconteceu o descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral) mostrou as características dos índios antes dos europeus chegarem aqui, e conseguiu mostrar a verdade sobre os indígenas, apesar de haver uma grande idealização do índio.

Foco narrativo:

A obra é narrada em terceira pessoa. O narrador é um observador, mas não é onisciente e nem onipresente já que não sabemos que Jandira está perseguindo Ubirajara e só descobrimos que Itaquê é pai de Pojucã quando isto é revelado a Ubirajara.

Tempo:

O tempo é cronológico (a narrativa vai progredindo de forma linear).

Espaço da narrativa:


A natureza é o espaço principal, além dela aparecem as tabas como cenário.

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