21/10/2015

(Un)friends.


Paulo Santos assistia a programação que passava na televisão enquanto sua mulher, Julia Santos, finalizava os preparativos do jantar. Eles receberiam em sua casa esta noite Miranda e Carmen, velhos amigos do casal. Eram da vizinhança, Miranda e Paulo cresceram juntos, foram amigos durante a época da escola, contudo se distanciaram quando adultos, pois Paulo se tornou policial e se dedicara ao ofício plenamente mudando-se para um bairro mais próximo do quartel, quanto que Miranda continuou na mesma comunidade, dando continuação no negocio dos pais, um estabelecimento comercial. Recentemente, Paulo que agora já se aposentara da milícia, regressara para o antigo bairro e foi aí que reencontrou o velho amigo. Cumprimentaram-se e foi ai que Paulo convidou Miranda para ir até a sua casa na noite de hoje. 
Paulo ainda assistia o jornal na TV quando Miranda e Carmen chegaram sua casa. Com eles veio também o neto de Miranda, Caio, o menino era cuidado pelos avós deste os três anos de idade, hoje com 7 é como se eles fossem seus pais. 
Carmen se dispôs em ir ajudar Julia a finalizar o jantar, as duas eram bem próximas, pois já se conheciam de antes. Quando pronto, o jantar foi servido e todos comeram, conversaram e se divertiram. 
Na manhã seguinte após o jantar, Julia recebeu uma ligação de Carmen, a senhora desesperada chorava ao telefone, pois Caio havia sido sequestrado enquanto estava a caminho da escola. Paulo, assim como também muitos vizinhos, se ofereceu a prestar ajuda e solidariedade para com Miranda e Carmen. O ex-policial entrou em contato com seus antigos colegas de trabalho que apesar de alegarem que precisaria de no mínimo 48 horas de desaparecimento, estavam dispostos a agilizar o processo. 
 Passou um tempo, até que enfim a família teve notícias do menino. Os sequestradores entraram em contato e exigiam RS 200.000,00 pelo resgate do menino. Carmen ao saber do telefonema se desesperou, não sabia fazer outra coisa a não ser chorar, lamentando a situação, a tragédia, a vida. Miranda, tenso, estava calado como se calculasse algo ou pensasse em um plano, ou talvez em um culpado, porque convenhamos a de haver um.  Um que conhecia bem a família e suas finanças secretas.
Paulo, que estava todo o tempo em cena, consolou o amigo com as poucas palavras que sabia usar para a ocasião, e então fez o que melhor sabia, telefonou novamente para seus antigos companheiros, nomeados José e Carlos, os quais comprometeram-se em prestar urgência ao caso de Caio. Enquanto também Miranda telefonava para companheiros e parceiros, mas diferente do outro, a conversa de Miranda era com aqueles que já estavam a um passo na frente, tendo em mente os possíveis sequestradores, e em mãos, o dinheiro.
Quando os policiais chegaram até a residência de Miranda, onde se encontrava um grupo de familiares, parentes e curiosos, o mesmo se sentiu desconfortado, na realidade, acreditava não precisar daqueles oficiais, pois sabia que juntos com seus companheiros a justiça seria feita. A verdade que Paulo desconhecia era que Miranda não era apenas um simples comerciante e aquele não era um caso de sequestro comum. Miranda também tinha seus modos ilícitos de ganhar dinheiro, assim como também os possíveis sequestradores, os quais não admitiam concorrência, e se houvesse alguma, estavam dispostos a ficar com o lucro.
A noite já surgia, quando José recebeu a noticia de que Carlos através do rastreamento da ligação de resgate obteve o endereço do possível cativeiro que estaria Caio. Enquanto a noticia se espalhava pela casa, o telefone tocou. Miranda atendeu e com a raiva transparecendo em sua voz marcou um local para entregar o dinheiro aos bandidos, e mentindo, afirmou que iria sozinho.
O local determinado era um galpão, a mesma localidade do cativeiro. Miranda se aproximava sozinho do lugar enquanto a policia se escondia mais atrás preparados para prender os criminosos assim que surgissem, o que nos planos de Miranda não aconteceria, pois pretendia mata-los e efetuar seu  próprio conceito de justiça.
Ao adentrar o lugar, o avô viu o neto nas mãos do suspeito sequestrador, atrás havia mais dois homens, o sequestrado aparentava fraqueza provavelmente não havia sido alimentado. Miranda abriu a mala com o dinheiro falso e a jogou no meio da sala, ao mesmo tempo em que soltavam Caio e então o menino se aproximava de Miranda, mas ele não chegou até o seu avô. Tudo aconteceu quase que simultaneamente. Primeiro, Miranda atirou em seu principal rival, enquanto os companheiros deste vendo a cena atiraram em Miranda e Caio, e fugiram.
Ao ouvir os barulhos de tiro, a polícia invadiu o galpão com a missão de salvar o garoto, mas ao adentrar percebeu que não havia ninguém para ser salvo ali. A cena era apenas para ser lamentada. Miranda morto próximo à entrada, mas outro corpo sem vida mais ao centro e o pequeno corpo do menino de sete anos que com o seu sangue regava as notas de dinheiro esparramadas pelo chão.

Por: "Queren Hapuque".

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