Paulo
Santos assistia a programação que passava na televisão enquanto sua mulher,
Julia Santos, finalizava os preparativos do jantar. Eles receberiam em sua casa
esta noite Miranda e Carmen, velhos amigos do casal. Eram da vizinhança,
Miranda e Paulo cresceram juntos, foram amigos durante a época da escola,
contudo se distanciaram quando adultos, pois Paulo se tornou policial e se
dedicara ao ofício plenamente mudando-se para um bairro mais próximo do quartel,
quanto que Miranda continuou na mesma comunidade, dando continuação no negocio
dos pais, um estabelecimento comercial. Recentemente, Paulo que agora já se
aposentara da milícia, regressara para o antigo bairro e foi aí que reencontrou
o velho amigo. Cumprimentaram-se e foi ai que Paulo convidou Miranda para ir
até a sua casa na noite de hoje.
Paulo
ainda assistia o jornal na TV quando Miranda e Carmen chegaram sua casa. Com
eles veio também o neto de Miranda, Caio, o menino era cuidado pelos avós deste
os três anos de idade, hoje com 7 é como se eles fossem seus pais.
Carmen se
dispôs em ir ajudar Julia a finalizar o jantar, as duas eram bem próximas, pois
já se conheciam de antes. Quando pronto, o jantar foi servido e todos comeram,
conversaram e se divertiram.
Na manhã
seguinte após o jantar, Julia recebeu uma ligação de Carmen, a senhora
desesperada chorava ao telefone, pois Caio havia sido sequestrado enquanto
estava a caminho da escola. Paulo, assim como também muitos vizinhos, se
ofereceu a prestar ajuda e solidariedade para com Miranda e Carmen. O ex-policial
entrou em contato com seus antigos colegas de trabalho que apesar de alegarem
que precisaria de no mínimo 48 horas de desaparecimento, estavam dispostos a agilizar
o processo.
Passou
um tempo, até que enfim a família teve notícias do menino. Os sequestradores
entraram em contato e exigiam RS 200.000,00 pelo resgate do menino. Carmen
ao saber do telefonema se desesperou, não sabia fazer outra coisa a não ser
chorar, lamentando a situação, a tragédia, a vida. Miranda, tenso, estava
calado como se calculasse algo ou pensasse em um plano, ou talvez em um
culpado, porque convenhamos a de haver um.
Um que conhecia bem a família e suas finanças secretas.
Paulo,
que estava todo o tempo em cena, consolou o amigo com as poucas palavras que
sabia usar para a ocasião, e então fez o que melhor sabia, telefonou novamente
para seus antigos companheiros, nomeados José e Carlos, os quais
comprometeram-se em prestar urgência ao caso de Caio. Enquanto também Miranda
telefonava para companheiros e parceiros, mas diferente do outro, a conversa de
Miranda era com aqueles que já estavam a um passo na frente, tendo em mente os
possíveis sequestradores, e em mãos, o dinheiro.
Quando os
policiais chegaram até a residência de Miranda, onde se encontrava um grupo de
familiares, parentes e curiosos, o mesmo se sentiu desconfortado, na realidade,
acreditava não precisar daqueles oficiais, pois sabia que juntos com seus
companheiros a justiça seria feita. A verdade que Paulo desconhecia era que
Miranda não era apenas um simples comerciante e aquele não era um caso de
sequestro comum. Miranda também tinha seus modos ilícitos de ganhar dinheiro,
assim como também os possíveis sequestradores, os quais não admitiam concorrência,
e se houvesse alguma, estavam dispostos a ficar com o lucro.
A noite
já surgia, quando José recebeu a noticia de que Carlos através do rastreamento
da ligação de resgate obteve o endereço do possível cativeiro que estaria Caio.
Enquanto a noticia se espalhava pela casa, o telefone tocou. Miranda atendeu e
com a raiva transparecendo em sua voz marcou um local para entregar o dinheiro
aos bandidos, e mentindo, afirmou que iria sozinho.
O local
determinado era um galpão, a mesma localidade do cativeiro. Miranda se aproximava
sozinho do lugar enquanto a policia se escondia mais atrás preparados para
prender os criminosos assim que surgissem, o que nos planos de Miranda não
aconteceria, pois pretendia mata-los e efetuar seu próprio conceito de justiça.
Ao adentrar
o lugar, o avô viu o neto nas mãos do suspeito sequestrador, atrás havia mais
dois homens, o sequestrado aparentava fraqueza provavelmente não havia sido
alimentado. Miranda abriu a mala com o dinheiro falso e a jogou no meio da
sala, ao mesmo tempo em que soltavam Caio e então o menino se aproximava de
Miranda, mas ele não chegou até o seu avô. Tudo aconteceu quase que
simultaneamente. Primeiro, Miranda atirou em seu principal rival, enquanto os
companheiros deste vendo a cena atiraram em Miranda e Caio, e fugiram.
Ao ouvir os barulhos de tiro, a polícia invadiu
o galpão com a missão de salvar o garoto, mas ao adentrar percebeu que não
havia ninguém para ser salvo ali. A cena era apenas para ser lamentada. Miranda
morto próximo à entrada, mas outro corpo sem vida mais ao centro e o pequeno
corpo do menino de sete anos que com o seu sangue regava as notas de dinheiro
esparramadas pelo chão.
Por: "Queren Hapuque".
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