22/10/2015

Obra: Dom Casmurro - Machado de Assis (1899)


Enredo

Tudo começa quando José Dias apressa D. Glória, mãe de Betinho, a colocá-lo no seminário, já que ela fez uma promessa quando o menino ainda era um bebê.  Bentinho ouve tudo, inclusive a desconfiança de José Dias, de que ele pode estar apaixonado por Capitu, e na verdade Bentinho acaba descobrindo que realmente está.  Ele fala para Capitu de sua ida ao seminário, ela pede que Bento fale com José Dias para que ele converse com D. Glória fazendo-a desistir da promessa. Não adianta muito, a mãe não muda de ideia e a única coisa que resta é a promessa de Bentinho e Capitu de que vão se casar sob qualquer circunstância. Assim, Bentinho vai para o seminário, onde se torna muito querido por todos e conhece Escobar, garoto que vai se tornar seu melhor amigo. Entre alguns finais de semanas e feriados Bentinho pode voltar para casa, e lá não esconde seu desejo de sair do seminário, assim como seu amigo Escobar que alega ter vocação para o comércio.  
D. Glória também já não tem tanta vontade que o filho continue no seminário e cogita a hipótese de Bentinho se casar, entretanto não quer quebrar a promessa que fez.  Daí padre Cabral sugere a D. Glória colocar outro garoto no lugar de Bentinho, assim a promessa não será quebrada. Com isso Bento sai do seminário e Escobar também, ele se casa com Capitu e seu amigo com Sancha, suas vidas são alegres e tranquilas, Sancha e Escobar tem uma filha e Bento e Capitu não, mas sonham em ter um bebê. Passado um tempo, eles conseguem ter um filho, cujo nome é Ezequiel e tem um costume de imitar as pessoas.
Escobar morre afogado e daí começam as suspeitas de Bentinho em relação ao adultério de Capitu, pois no enterro de Escobar, Capitu demonstra seus sentimentos de maneira diferente e olha com seus  ‘’olhos de ressaca’’ para a corpo. Além do mais, a cada dia que passa Ezequiel vem se parecendo mais  com Escobar. Bentinho alega que Capitu o traiu com seu amigo, pois já os tinha visto muitas vezes sozinhos, Capitu não chega a negar, mas acaba pedindo a separação. Bentinho pensa em se matar e até mesmo matar a esposa e o filho, porém, por falta de coragem, acaba desistindo. Capitu vai para a Europa com o filho, onde acaba morrendo e Ezequiel acaba voltando para encontrar-se com o pai. Ao rever o filho, Bentinho percebe que Ezequiel está cada vez mais parecido com Escobar, o que só concretiza suas suspeitas a respeito do adultério da esposa.  Resolve aceitá-lo como filho, no entanto, Ezequiel morre em uma viagem a Jerusalém, vítima de uma febre.
Bentinho, agora denominado Dom Casmurro, vive sozinho no Engenho Novo recordando o passado e as histórias de Capitu, motivo pelo seu sofrimento pessoal, que nem ele mesmo conseguiu provar se houve ou não um adultério.

Personagens

  • Capitu: Segundo José Dias tinha ‘’olhos de cigana oblíqua e dissimulada’’ era uma mulher afrente de seu tempo, independente e forte emocionalmente. Era ‘’ alta, cheia, vestia um vestido de chita meio desbotado e tinha cabelos grossos amarrados por uma trança, tinha olhos grandes e claros e nariz reto’’.
  • Bentinho: Era inseguro, criado pela mãe e mimado pelos tios. Foi para um seminário devido a uma promessa de sua mãe, mas não tinha vocação para padre. Era um típico jovem da elite do Rio de Janeiro do século XIX.
  • D. Glória: Mãe de Betinho era viúva e também era uma mulher forte e independente que criou Bentinho sozinha, sem a presença do marido.
  • Pedro Santiago: Pai de Bento, que faleceu, o filho não tem muitas lembranças além do pai ser ‘’alto e ter olhos arregalados’’.
  • José Dias: O agregado na casa de Bentinho. Amava os superlativos e é quem incentiva a ida do menino para o seminário, cuida e protege Bento com um aspecto paternal.
  • Padre Cabral: É quem ensina Bentinho aulas de latim e lições para o seminário, mais tarde, com a vontade do menino de sair, é ele quem dá a ideia a D. Glória para colocar outro no lugar de Bento.
  • Prima Justina: Tia de Bentinho, pessoa egoísta que sempre vê o lado ruim das pessoas, como ressalta no livro ‘’conta o mal de Pedro a Paulo e o que viu de mal em Paulo a Pedro’’.
  • Sancha: Amiga de Capitu do colégio e que vai se casar com Escobar.
  • Senhor Pádua e D. Fortunata: São os pais de Capitu, o pai é apaixonado por pássaros e a mãe parecia com Capitu fisicamente.
  • Tio Cosme: O homem gordo, advogado e também viúvo, trabalha em um escritório na cidade. É um personagem neutro, não é a favor nem contra a vontade de Bentinho.
  • Escobar: Melhor amigo de Bentinho no seminário tem olhos azuis e é apaixonado por cálculos. É acusado por Bentinho de ter um caso com Capitu, onde é a grande dúvida do livro, se casa com Sancha e morre afogado.
  • Ezequiel: Filho de Capitu, e um dos frutos da desconfiança de Bentinho em relação ao adultério de sua mulher, por se parecer com Escobar, acabam morrendo em Jerusalém devido a uma febre.

Temas da Obra

O tema principal é o ciúme de Bentinho em relação à Capitu, seu primeiro vestígio de ciúme é quando pergunta de José Dias no seminário ‘’como vai Capitu?’’,  o agregado responde que ela vai bem e alegre e que ‘‘não se aquieta até que case com algum peralta do bairro”. Outro tema é o fracasso conjugal de Bentinho e Capitu que se deve a desconfiança do adultério da esposa  com seu amigo Escobar. Outro tema também presente é o Rio de Janeiro do Segundo Império na casa de um jovem da elite, onde é mimado pela mãe e tios. Outros temas são a política, a ideologia e a religião do Segundo Império.
Obs.: A citação de imperadores como Nero, César e Augusto, que mataram suas mulheres por adultério, e Otelo da peça de Shakespeare, que ocorre no livro também revela o ciúme e a suspeita de uma traição como sua principal temática.

Contexto Histórico da Obra

O contexto histórico é o realismo, época em que os autores se preocupavam exclusivamente em mostrar a verdade. Ocorre durante o Segundo Reino, onde impera o conhecido ‘’parlamentarismo às avessas’’. O Brasil da época é marcado por ideias liberais, republicanas e ‘’modernas’’. No entanto tem uma estrutura política econômica oligárquica, agrária, latifundiária e coronelista. No livro é possível perceber esse período quando Bentinho pensa em pedir ajuda ao Imperador que estava no Brasil. Esse Imperador, no caso, seria D. Pedro II.

Verossimilhança da Obra

A verossimilhança é a época da escravidão, o domínio da igreja sobre a sociedade (citação ‘’Ser padre é santo e bom’’), o casamento como formal de ascensão social (quando Capitu se casa com Bentinho, pois ele era rico e ela pobre) e a possibilidade de um adultério cometido por uma mulher, o que mostra o casamento em declínio social na época.

Foco Narrativo

É um romance narrado em primeira pessoa por Bento Santiago, que resolve contar sua vida e, dessa forma, o livro é uma pseudo-biografia de um homem velho que, para preencher sua solidão, tem recordações de seu passado, que não desaparecem devido ao seu sofrimento pessoal. O narrador é onisciente e conta a historia a partir de seu ponto de vista.

Tempo da Obra

O tempo é psicológico e cronológico.
Psicológico: faz um flashback onde passa a construir sua história através de sua memória. Quando Bento  já é um velho casmurro e  conta sua história a partir de seu ponto de vista.
Cronológico: começa em 1857, quando José Dias fala para D. Glória apressar a ida de Bentinho para o seminário.
1858: Bentinho entra no seminário
1865: Bentinho se casa com Capitu
1872: Há a separação do casamento de Capitu e Bentinho

Espaço da Narrativa


A história se passa no Rio de Janeiro e ocorre em bairros com Engenho Novo (onde Casmurro escreve sua história), Matacavalos (onde Bentinho e Capitu vivem e se conhecem), na Europa (onde Capitu morre), em São Paulo (Bentinho vai estudar direito) e no Oriente Médio (ocorre a morte de Ezequiel por uma febre).

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